Alive Inside: Uma história sobre música e memória
- Beraldo
- Mar 2, 2021
- 3 min read

“Música conecta as pessoas com quem elas foram e com quem elas são em suas vidas, porque o que acontece quando ficamos velhos é que tudo o que conhecíamos, nossa identidade, desaparece pouco a pouco.”
Dan Cohen - criador da ONG Music & Memory, que trabalha levando música para pacientes com Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas e cognitivas.
"ALIVE INSIDE é uma alegre exploração cinematográfica da capacidade da música de despertar nossas almas e descobrir as partes mais profundas de nossa humanidade. O cineasta Michael Rossato-Bennett narra experiências surpreendentes de pessoas em todo o país que foram revitalizadas pela simples experiência de ouvir música. Sua câmera revela a conexão exclusivamente humana que encontramos na música e como seu poder de cura pode triunfar onde os medicamentos prescritos são insuficientes".
(FONTE: http://www.aliveinside.us)
O poder da música no tratamento do Alzheimer
Quem ainda não assistiu Alive Inside (em português: Vivo por Dentro), se agilize pra assistir. Este documentário já esteve no Netflix e Amazon Prime, mas no momento acho que não está disponível em nenhum destes streamings. Mas fique de olho, pois volta e meia eles colocam de novo. Mas no site http://www.aliveinside.us você tem a opção de comprá-lo para assistir. É um puta documentário lindo, que fala da relação entre a música e as doenças neurodegenerativas e cognitivas, como o Alzheimer. Na verdade é muito mais que isso, mostra-se como a música pode ter uma conexão direta com as profundezas do nosso Ser, tendo a capacidade de fazer a nossa alma reavivar, “despertar”.
Lançado no ano de 2014 e vencedor do Prêmio do Público, este documentário mostra a história de Dan Cohen e a sua jornada ao criar a ONG Music & Memory (Música e Memória), na qual ele leva a música como um possível tratamento para os pacientes com Alzheimer. É um ponto de união entre a arte da medicina, a arte da psicologia e a arte musical.
Dan Cohen trabalha conversando com os familiares dos pacientes, perguntando quais músicas eles gostavam de ouvir na sua juventude ou antes de adquirir a doença e de acordo com as respostas, Cohen monta uma playlist com as músicas favoritas e entrega ao paciente.
Dá um play neste vídeo aqui abaixo, e saca só a reação de um senhor chamado Henry. Porra, é de arrepiar. Assiste, porque as imagens falam por si só. (O vídeo tem legenda em português)
Quem deu o play, viu que mesmo depois do momento em que a música foi retirada, o Henry continua sob o efeito de tudo aquilo que a música causou nele e ele é capaz de responder às perguntas e lembrar de acontecimentos passados. Essa cena tocou muita gente na época, e acabou tornando um vídeo viral, e foi onde Dan Cohen conseguiu patrocínio para levar esta experiência para mais pessoas.
A conexão da música com o ser humano é motivo de diversos estudos, e nos pacientes com Alzheimer a músicas ativa suas memórias, o corpo reage, os olhos brilham novamente. Mas não é qualquer música que causa tal efeito, precisam ser músicas que marcaram um momento da vida daquela pessoa, músicas que foram importantes, músicas que essa pessoa sempre ouvia, músicas que estão gravadas em suas memórias afetivas.
Esse lance com a música acontece porque o Alzheimer não afeta a parte do cérebro que guarda as memórias musicais, por isso essas memórias conseguem ser ativadas. Além disso, a música não só é eficaz no tratamento contra o Alzheimer, como também ajuda a prevenir o processo de degeneração. O Neurologista Custódio Michailowsky disse que ao ouvir e tocar uma música, o cérebro exercita várias de suas partes ao mesmo tempo e isso ajuda a prevenir a degeneração.
Assisti este documentário lá por 2016, e eu me lembro que foi uma sensação inexplicável. Porque além de trabalhar com a música, minha avó materna conviveu durante alguns anos com o Alzheimer. Mas em 2018 eu vivi uma experiência extremamente pessoal e única que me fez vivenciar dois momentos de algo muito, mas muito próximo dessa sensação, e este documentário e tudo que ele traz consigo ganhou uma outra dimensão para mim. Mas isso, quem sabe, abordo em um outro momento.
Só digo que dentro de nós existem marcas que estão gravadas, que às vezes podem se perder lá dentro, mas que com um estímulo certo, pode-se ver que essas marcas estão "vivas por dentro".
Até!
Leandro Beraldo
Comments